Tempo insaciável

Faze-me conhecer, ó Senhor, o meu fim, e qual a medida dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou. (Salmos 39:4)

Certa vez ouvi alguém dizer que o tempo é algo altamente perecível. Considero isso uma grande verdade. Ele escorre pelos nossos dedos com uma velocidade impressionante, e parece que a cada dia mais rápido. Freqüentemente me pego pensando nos “bons tempos” de antigamente, e não foi nenhuma surpresa constatar que boa parte das pessoas têm esse mesmo costume. Os dias parecem estar cada vez mais curtos e quando percebemos já deixamos de fazer muitas coisas que gostaríamos de ter feito. Vivemos numa época em que o dia-a-dia exige sempre mais de nós, mais esforço, mais trabalho, mais dinheiro, mais... mais... sempre mais, e assim os dias vão se passando sem que a gente perceba. Isso tudo me faz lembrar, mais uma vez, de um trecho do poema “A tabacaria” de Fernando Pessoa que diz o seguinte:

“Vivi, estudei, amei, e até cri,

E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu...

Fiz de mim o que não soube,

E o que podia fazer de mim não o fiz.

O dominó que vesti era errado.

Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,

Estava pegada à cara.

Quando a tirei e me vi no espelho,

Já tinha envelhecido “.

A pior constatação não é a de não ter feito muitas coisas durante a vida, e sim a de ter feito as coisas erradas, por isso não deveríamos considerar como sucesso, a quantidade de coisas que fazemos e sim a qualidade delas. Deveríamos estar muito mais atentos a coisas que, mesmo não nos trazendo retorno imediato, terão implicações eternas em nossas vidas, deveríamos gastar mais tempo conosco mesmo, com relacionamentos e com o próximo, como o próprio Jesus insistentemente ensinou, afinal, usando as palavras de Ricardo Gondin : “Não se ganha o mundo deixando a alma para trás”.

Carpe Diem

Que Deus abençoe a todos.